Diabetes: um fator de
risco que pode levar à esteatose hepática
A diabetes é um fator
de risco que pode levar à esteatose. Isso ocorre por meio de uma série de
mecanismos. É muito importante entender de forma detalhada como esses processos
ocorrem. Para uma boa compreensão vamos retomar alguns conhecimentos.
Os triglicerídeos
ingeridos são empacotados em lipoproteínas chamadas de quilomícrons, que é
apenas um tipo, já que existem também as VLDL, as LDL e as HDL. As
lipoproteínas são uma família de partículas que possui a função de transportar
lipídios, principalmente triglicerídeos e colesterol, entre órgãos e tecidos.
Apesar de existirem quatro grupos, a estrutura básica das lipoproteínas é comum
a todas, variando apenas em tamanho e em proporção entre seus componentes. Elas
são constituídas por um centro que contêm lipídios apolares e por uma membrana
de fosfolipídios.
Após os triglicerídeos
serem empacotados, os quilomícrons vão diretamente ao tecido adiposo, onde são
quebrados, pela enzima lipase lipoprotéica, em ácidos graxos e glicerol. Os
ácidos graxos são incorporados aos adipócitos e esterificados com glicerol
voltando a formar triglicerídeos, que serão armazenados.
Uma enzima, chamada de
lipase hormônio-sensível faz a mobilização desses lipídios estocados no tecido
adiposo. Essa enzima é regulada por dois hormônios: as catecolaminas
(adrenalina e noradrenalina), que são ativadores, e a insulina, que atua como
inibidor dessa enzima. Como a insulina é um inibidor da lipase hormônio sensível,
na sua ausência essa enzima vai ficar intensivamente ativada, removendo uma
grande quantidade de triglicerídeos dos adipócitos. Esse é o caso da diabetes
mellitus. Dessa forma, através da ação da enzima, haverá a hidrólise de
triglicerídeos armazenados, liberando ácidos graxos e glicerol no sangue. Assim
os ácidos graxos tornam-se o principal substrato de energia utilizado.
Esses mecanismos vão
gerar um excesso de ácidos graxos no plasma, promovendo a sua conversão em
fosfolipídios e colesterol. Esse processo ocorre no fígado e pode gerar a
aterosclerose. No citoplasma dos hepatócitos os ácidos graxos ou são esterificados
com glicerol, originando novamente triglicerídeos, ou são queimados a
acetil-CoA. A ausência de insulina
juntamente com o excesso desses lipídios nas células hepáticas vão ativar o
mecanismo de transporte da carnitina, que lava os ácidos graxos para a
mitocôndria, onde sofrem beta oxidação para o fornecimento de uma energia
alternativa, liberando quantidade extremas de acetil-CoA. O seu excesso leva a
esterificação das moléculas de acetil-CoA duas a duas, originando corpos
cetônicos (ácidos aceto-acético e beta hidroxi-butírico). Quando o paciente
apresenta diabetes a elevada produção desses ácidos leva à acidose metabólica. Os
ácidos graxos poderão, alternativamente, ser esterificados para formar
triglicerídeos, que juntamente com o colesterol, fosfolipídios e
apolipoproteínas irão participar da composição das lipoproteínas de baixa
densidade (VLDL). Assim, o VLDL é secretado para a corrente sanguínea,
impedindo que o fígado normal acumule gordura no interior do hepatócito.
Na imagem acima é
mostrado o metabolismo hepático dos ácidos graxos.
Devido a resistência à
insulina ocorrerá uma inibição da lipase lipoproteína insulino-sensível.
Consequentemente, o influxo de ácidos graxos para a corrente sanguínea e para o
fígado vai aumentar. Como a beta oxidação e a liberação de triglicerídeos na
forma de VLDL estão inibidas devido a hiperinsulinemia (níveis excessivos de
insulina circulante no sangue devido a resistência à insulina), esses ácidos
graxos em excesso serão convertidos em triglicerídeos que se acumularão no
fígado, causando a esteatose hepática.
Para o perfeito
entendimento desse post é necessário uma explicação sobre a diabetes mellitus,
para que seja feito, de uma melhor forma, a relação entre essa doença e a
esteatose.
Diabetes Mellitus
De maneira geral, a
diabetes mellitus resulta de graus variáveis de resistência à insulina e da
deficiência relativa na secreção da mesma. A resistência à insulina ocorre
quando há uma menor captação de glicose por tecido muscular e hepático em
reposta à ação da insulina. Com isso, vai haver várias alterações metabólicas
no corpo. A insulina desempenha papeis muito importantes para o organismo. No
metabolismo de lipídios esse hormônio age na transformação de glicose em ácidos graxos por meio da ação da acetil-CoA-carboxilase e na formação de NADPH + H+.
No entanto, a função da insulina que mais se relaciona com o surgimento da
esteatose é o fato dela agir inibindo a formação de gordura através da lipase
hormônio-sensitiva.
No esquema acima podem
ser visualizados alguns efeitos da falta de insulina.
Referências bibliográficas:
Post por Karellyne Barbosa
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