sábado, 30 de novembro de 2013

Diabetes: um fator de risco que pode levar à esteatose hepática
 
            A diabetes é um fator de risco que pode levar à esteatose. Isso ocorre por meio de uma série de mecanismos. É muito importante entender de forma detalhada como esses processos ocorrem. Para uma boa compreensão vamos retomar alguns conhecimentos.
            Os triglicerídeos ingeridos são empacotados em lipoproteínas chamadas de quilomícrons, que é apenas um tipo, já que existem também as VLDL, as LDL e as HDL. As lipoproteínas são uma família de partículas que possui a função de transportar lipídios, principalmente triglicerídeos e colesterol, entre órgãos e tecidos. Apesar de existirem quatro grupos, a estrutura básica das lipoproteínas é comum a todas, variando apenas em tamanho e em proporção entre seus componentes. Elas são constituídas por um centro que contêm lipídios apolares e por uma membrana de fosfolipídios.


            Após os triglicerídeos serem empacotados, os quilomícrons vão diretamente ao tecido adiposo, onde são quebrados, pela enzima lipase lipoprotéica, em ácidos graxos e glicerol. Os ácidos graxos são incorporados aos adipócitos e esterificados com glicerol voltando a formar triglicerídeos, que serão armazenados.
            Uma enzima, chamada de lipase hormônio-sensível faz a mobilização desses lipídios estocados no tecido adiposo. Essa enzima é regulada por dois hormônios: as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que são ativadores, e a insulina, que atua como inibidor dessa enzima. Como a insulina é um inibidor da lipase hormônio sensível, na sua ausência essa enzima vai ficar intensivamente ativada, removendo uma grande quantidade de triglicerídeos dos adipócitos. Esse é o caso da diabetes mellitus. Dessa forma, através da ação da enzima, haverá a hidrólise de triglicerídeos armazenados, liberando ácidos graxos e glicerol no sangue. Assim os ácidos graxos tornam-se o principal substrato de energia utilizado.
            Esses mecanismos vão gerar um excesso de ácidos graxos no plasma, promovendo a sua conversão em fosfolipídios e colesterol. Esse processo ocorre no fígado e pode gerar a aterosclerose. No citoplasma dos hepatócitos os ácidos graxos  ou são esterificados com glicerol, originando novamente triglicerídeos, ou são queimados a acetil-CoA.  A ausência de insulina juntamente com o excesso desses lipídios nas células hepáticas vão ativar o mecanismo de transporte da carnitina, que lava os ácidos graxos para a mitocôndria, onde sofrem beta oxidação para o fornecimento de uma energia alternativa, liberando quantidade extremas de acetil-CoA. O seu excesso leva a esterificação das moléculas de acetil-CoA duas a duas, originando corpos cetônicos (ácidos aceto-acético e beta hidroxi-butírico). Quando o paciente apresenta diabetes a elevada produção desses ácidos leva à acidose metabólica. Os ácidos graxos poderão, alternativamente, ser esterificados para formar triglicerídeos, que juntamente com o colesterol, fosfolipídios e apolipoproteínas irão participar da composição das lipoproteínas de baixa densidade (VLDL). Assim, o VLDL é secretado para a corrente sanguínea, impedindo que o fígado normal acumule gordura no interior do hepatócito.
 
             Na imagem acima é mostrado o metabolismo hepático dos ácidos graxos.
             Devido a resistência à insulina ocorrerá uma inibição da lipase lipoproteína insulino-sensível. Consequentemente, o influxo de ácidos graxos para a corrente sanguínea e para o fígado vai aumentar. Como a beta oxidação e a liberação de triglicerídeos na forma de VLDL estão inibidas devido a hiperinsulinemia (níveis excessivos de insulina circulante no sangue devido a resistência à insulina), esses ácidos graxos em excesso serão convertidos em triglicerídeos que se acumularão no fígado, causando a esteatose hepática.
            Para o perfeito entendimento desse post é necessário uma explicação sobre a diabetes mellitus, para que seja feito, de uma melhor forma, a relação entre essa doença e a esteatose.
Diabetes Mellitus
            De maneira geral, a diabetes mellitus resulta de graus variáveis de resistência à insulina e da deficiência relativa na secreção da mesma. A resistência à insulina ocorre quando há uma menor captação de glicose por tecido muscular e hepático em reposta à ação da insulina. Com isso, vai haver várias alterações metabólicas no corpo. A insulina desempenha papeis muito importantes para o organismo. No metabolismo de lipídios esse hormônio age na transformação de glicose em ácidos graxos por meio da ação da acetil-CoA-carboxilase e na formação de NADPH + H+. No entanto, a função da insulina que mais se relaciona com o surgimento da esteatose é o fato dela agir inibindo a formação de gordura através da lipase hormônio-sensitiva.
No esquema acima podem ser visualizados alguns efeitos da falta de insulina.
            Dessa forma, é possível compreender como a diabetes é uma fator de risco para o desenvolvimento da esteatose, pois há uma série de mecanismos presentes nessa doença que podem levar ao desenvolvimento desse distúrbio no metabolismo.
Referências bibliográficas:
Post por Karellyne Barbosa
 
 
 
 

 
 

Relação entre esteatose hepática e obesidade

     A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) caracterizada pelo acumulo de gordura nos hepatócitos é a mais comum causa de mortalidade ligada a doenças no figado, provavelmente por seu caráter assintomático. O aumento no número de casos tem aumentado nos últimos anos junto com o aumento do número de obesos, indicando que a DHGNA está associada a resistência a insulina e ao acúmulo de gordura visceral.
     Normalmente ácidos graxos livres circulam entre o fígado e os adipócitos periféricos sem acumulo excessivo nos hepatócitos. As duas vias principais desses ácidos graxos livres no fígado são a formação de triglicerídios e sua excreção como VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa) e  b-oxidação mitocondrial para formar acetilCoa que pode ser oxidada ou convertida em corpos cetônicos. O aumento do fluxo de ácidos graxos livres pode gerar seu acumulo se essas vias não forem suficientes para a retirada desse excesso, o que caracteriza o inicio da DHGNA. A indícios de que a obesidade, a resistência a insulina e a diabetes mellitus tipo 2 favorecem esse quadro e estimulam a lipólise tecidual, o que gera um acumulo de lipídios nos hepatócitos, podendo atingir níveis tóxicos, o que gera um aumento no estresse oxidativo formando radicais livres.
     Um estudo desenvolvido no ambulatório do projeto "Atividade Física na Vila", no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) selecionou 69 pacientes, sendo 55 mulheres e 14 homens, de 53,02±1,26 anos, dentre esse foram retirados os durante o questionário informaram consumir muito álcool.Foi realizado uma ultra-sonografia abdominal, sendo analisadas a presença de esteatose, as medidas da gordura visceral, e a gordura subcutânea. Após a análise inicial, com exclusão dos casos de etilismo significativo e hepatite viral, restaram 60 pacientes (48M e 12H), sendo 22 casos com DHGNA (37%; 14M e 8H; entre 37 anos e 71 anos) e 38 sem DHGNA.
     Os resultados mostraram que os pacientes com DHGNA apresentaram um aumento significativo no IMC e do peso corporal em relação aos pacientes sem DHGNA. O DHGNA foi um achado comum entre os pacientes obesos (60%).







Referencias bibliográficas:
http://www.rbconline.org.br/wp-content/uploads/a2008_v21_n02_a04gisele.pdf
http://www.jgld.ro/2012/3/12.pdf

Post por: Danyelly Lara Martins

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Esteatose hepática pode chegar à cirrose e até câncer

A esteatose hepática pode não causar dano, porém, em cerca de 20% dos pacientes com essa enfermidade ocorre um agravamento da doença devido ao acúmulo excessivo de gordura no fígado, o que pode levar a uma inflamação deste e gerar outra complicação chamada esteato-hepatite. Nessa fase, há uma elevação de enzimas hepáticas no sangue, como a TGO(Transaminase Glutâmico-oxaloacética) e TGP(Transaminase Glutâmico-pirúvica), que são enzimas as quais fazem parte do hepatograma(análises que servem para identificar alterações na função do fígado e das vias biliares). Como o funcionamento do fígado se encontra prejudicado, essa fase de esteato-hepatite já é deveras preocupante.
Ao longo do tempo, a esteato-hepatite pode tornar o fígado cicatrizado e endurecido. Esta condição é chamada de cirrose, que atinge aproximadamente 10% dos pacientes, sendo uma condição grave em que a arquitetura do fígado fica bastante deformada e os hepatócitos deixam de produzir várias de suas proteínas, deixam de metabolizar drogas e toxinas e também deixam de eliminar muitas substancias na bile como geralmente o fazem.

Por fim, cerca de 2% dos pacientes que apresentam o quadro de cirrose por evolução da esteatose e esteato-hepatite, evoluem também para o câncer de fígado o qual pode gerar hemorragias gastrointestinais, insuficiência hepática e pode se disseminar pelo corpo. Como já é um estado muito avançado, o tratamento geralmente se dá pela substituição do orgão, ou seja, o transplante de fígado. A atenção para esse quadro deve ser intenso, pois pode levar ao óbito em cerca de 3 a 6 meses. 

Fontes:
http://esteatose.blogspot.com.br/2013/06/evolucao-da-doenca.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transaminase_glut%C3%A2mico-oxalac%C3%A9tica

                                                                                                 Post por: Luan de Góis Lucas

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Exercícios físicos no combate/tratamento da Esteatose

Uma rotina de exercícios é muito importante para qualquer pessoa que queira estar o mais saudável possível, e serve para como forma de tratamento para algumas doenças. Como já foi citado em outro post, alguns grupos que possuem fatores de risco a ter esteatose são pessoas obesas, diabéticas, dependentes de álcool, entre outros. O exercício relacionado ao combate à esteatose hepática ajuda principalmente nos grupos de pessoas obesas e pessoas diabéticas.



Produção de GLUT-4 e inibição da insulina

O pâncreas é inervado pelo nervo vago e pelos nervos viscerais. Durante a realização de exercícios físicos ocorre a liberação de norepinefrina pelos nervos viscerais, e esse hormônio irá diminuir a liberação de insulina pelas células beta do pâncreas. Como já foi visto em outro post a insulina inibe a enzima lipase, e como a secreção de insulina estará menor poderá ocorrer uma maior degradação de lipídios. Além disso, durante a realização do exercício físico a contração muscular estimula transporte dos GLUT-4 (permitem a passagem de glicose para o meio intracelular) para a membrana da célula, devido a liberação cálcio no citosol que irá despolarizar a membrana e ajuda na entrada da glicose na célula. Desse modo essa função da insulina não é prejudicada pela inibição dela.

Adrenalina e Norepinefrina

Outros hormônios que atuam durante a realização de exercícios é a adrenalina e noradrenalina. Esses hormônios se ligam à receptores presentes na membrana celular dos adipócitos e desse modo várias reações (acontece a degradação dos lipídios) são ativadas, as quais ocorrem tem como produto final o glicerol e o ácido graxo. Os ácidos graxos são insolúveis e por isso tem que serem transportados ela albumina para onde poderão ser utilizados como fonte de energia. O glicerol não pode ser degradado pelo próprio adipócito pois ele não possui uma glicerol cinase. Assim, ele é transportado para o fígado, local em que pode ser utilizado para a formação de glicose pela via da glineogênese, ou mesmo ser transfomado em um intermediário da respiração celular, o gliceraldeído-3-fosfato, na glicólise.

Exercícios aeróbicos

Os exercícios com a finalidade de degradação de lipídios deve ser regular e aeróbico, pois deve ser utilizado na cadeia respiratória como aceptor finais de elétrons, provenientes do NADH e FADH2 (vieram do acetil-CoA vindo da beta-oxidação). Caso não haja oxigênio suficiente a produção de energia virá da fermentação lática.

Conclusões

Tendo em vista os dados acima, podemos averiguar que o exercício físico aeróbico permite uma maior degradação de lipídios, devido à estimulação das lipases e permite à indivíduos resistentes (obesos e diabéticos) à insulina maior captação de açúcar. Em consequência dessa maior quebra de lipídios, e maior funcionamento dos receptores de glicose na membrana plasmática, observa-se que o exercício físico é um importante aliado no combate e no tratamento de esteatose hepática.


                                                                                                                                             Post por Mateus Félix


Bibliografia:
http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/%C1cidos%20graxos%20e%20exerc%EDcio%20-%20RBCDH.pdf

http://www.carnevalijunior.com.br/wp-content/uploads/2010/03/adaptacoes-promovidas-por-exercicios-no-aumento-da-expressao-genica-conteudo-e-translocacao-da-proteina-glut-4-no-musculo-esqueletico-e-melhora-na-responsividade-a-insulina-carnevali-2011.pdf

sábado, 23 de novembro de 2013

Resistência à insulina


A insulina é um hormônio produzido pelas células beta das ilhotas pancreáticas e indivíduos que apresentam resistência à esse hormônio podem desenvolver esteatose hepática. Antes de falarmos da resistência à insulina em específico vamos compreender um pouco da ação desse hormônio nas células.


Receptor de insulina e sinalização

O receptor de insulina na membrana plasmática da célula possui quatro subunidades, duas alfas e duas betas. As subunidades alfa quando associadas às unidades beta as inibem. Quando a insulina se associa ao receptor na membrana plasmática permitem as subunidades beta apresentarem atividade cinase. Então elas passam a realizar autofosforilação de resíduos de tirosina, e também fosforilação de resíduos de tirosina de outras proteínas (a título de exemplificação, as IRS). Quando as IRS são fosforiladas, cria-se sítios de reconhecimento para alguns tipos de moléculas.
Um exemplo deste tipo de molécula é a PI 3-quinase (fosfatidilinositol 3-quinase). A PI 3-quinase possui duas subunidades: p85, que consiste em uma subunidade de regulação, e a subunidade p110, que consiste em uma subunidade catalítica. Quando ocorre interação entre o IRS fosforilado e o PI 3-quinase (subunidade p85), ocorre a ativação da subunidade catalítica, que irá realizar a fosforilação de fosfoinositídeos, como fosfatilinositol-3,4,5-trifosfato, que irá regular a atividade da cinase PDK-1. Existe evidências de de que a PDK-1 fosforile alguns tipos de isoformas da PKC, que conseguiria controlar a síntese de GLUT-4(permite a passagem da glicose do meio extra para o meio intracelular) e controlar o seu transporte em vesículas para a membrana plasmática.

Insulina relacionada à síntese de lipídios

Existe alguns tipos moleculares denominados fatores de transcrição, que ativam determinados genes. O fator de transcrição de lipídios é chamado de SREBP, e o tipo mais específico que citarei é o SREBP-1c. Esse fator de transcrição estimula a produção da acetil-CoA carboxilase (ACC), que catalisa a transformação do acetil-CoA em malonil-CoA, e estimula tambem a produção do ácido graxo-sintetase (FAS), que catalisa a transformação do malonil-CoA em palmitato. A insulina estimua o SREBP-1c positivamente.

Resistência à insulina

A resistência À insulina pode se manifestar de diversas maneiras em um indivíduo. Pode ser uma deficiência de produção da insulina pelas células beta do pâncreas, defeitos genéticos no receptores de insulina (consiste em casos mais raros), ou mesmo deficiência na maquinaria de sinalização da célula. O defeito na sinalização da insulina na célula pode ocorrer de diversas maneiras. Neste post deixarei mais explícito o mecanismo de resistência à insulina relacionada à obesidade.

 O tecido adiposo visceral cria compostos que atuam sobre outros orgãos, por meio de adipocinas, estimulando a produção de algumas substâncias como a interleucina-6 e a TNF-alfa. Ambas as substâncias são citocinas que possuem propriedades inflamatórias. Essas citocinas realizam fosforilações errôneas em alguns aminoácidos, permitindo uma maior chegada de gordura às células hepáticas, além de contribuir para à resistência à insulina realizando a fosforilação dos receptores de insulina em serina, em vez de fosforilação em tirosina, atenuando a transmissão de sinal, e consequentemente diminuindo a produção do receptor GLUT4, além de diminuir a sinalização da insulina, que realizaria a fosforilação dos  receptores em tirosina.
Desse modo, a glicose ficaria em altas taxas no sangue e estimulariam a liberação de insulina no fígado. Nos obesos a concentração de ácidos graxos e glicerol no sangue estarão maiores, e entrando cada vez mais no fígado (devido as fosforilações errôneas que as citocinas inflamatórias estarão promovendo), local onde sofrerão reesterificação e assim acumulando-se sobre o fígado. Outra maneira que permite um maior acúmulo de gordura sobre o fígado é a lipogênese, e como já foi visto a insulina estimula a ACC e inibe a lipólise, assim realizando o acúmulo de gordura sobre o fígado.

                                                                                              Post por Mateus Félix



Bibliografia:

sábado, 16 de novembro de 2013

Entrevista - informações gerais

Apesar de não ser recente(de 2009), o vídeo subsequente é bastante didático e fácil de entender a esteatose hepática. Espero que seja útil à todos!


                                                                                                                                             Post por: Luan de Góis Lucas

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Tratamento para Esteatose

         Pacientes que apresentam esteatose hepática podem realizar alguns tratamentos que objetivam a eliminação ou a redução da esteatose e da inflamação, o que impedem a progressão da fibrose. Primeiramente deve ser realizado uma avaliação desse paciente, juntamente com um exame físico completo.
          Atualmente, não existe um tratamento específico para tratar a esteatose hepática, no entanto algumas medidas podem ser tomadas, como: a redução de peso, caso estejam acima ou seja encontrado um quadro de obesidade, aumento da atividade física (aumentam a sensibilidade muscular à insulina) e a inclusão de alimentos fortificados na dieta, tornado-a mais balanceada. A vitamina E é um antioxidante que tem sido testado para o tratamento do distúrbio. Ela reduz a lesão do fígado causado pela inflamação. Esse tratamento reduz a destruição dos hepatócitos e , espera-se , impedir ou atrasar a progressão da doença. Um estudo clínico foi feito para testar a eficácia dessa vitamina e o resultado foi satisfatório. Alguns adultos que possuem esteatose hepática foram sujeitos a três tipos de medicamentos , que incluíram placebo, vitamina E e pioglitazina, que é um medicamento antidiabético. Biopsias foram feitas no início e no fim do estudo. O tratamento com a vitamina E foi mais plausível em comparação ao do placebo. Em relação a pioglitazina, ambos reduziram a inflamação e os níveis sanguíneos de enzimas hepáticas, demonstrando um efeito positivo sobre a saúde do fígado. No entanto, o tratamento com a pioglitazona resultou em um ganho de peso de 4,7 kg. Dessa forma, nota-se que a vitamina E tem efeito positivo sem ganho de peso.
          Outra medida que pode ser tomada é o uso de ácido ursodesoxicólico, que é uma sal biliar mais hidrossolúvel, acelerando o fluxo biliar e diminuindo o contato da bile com os hepatócitos e, consequentemente, a toxidade por sais biliares endógenos hidrofóbicos. Além disso, tem efeito imunomodulatório no fígado, o que reduz a inflamação. Em alguns trabalhos se verificou a redução nos níveis de AST e ALT, que são enzimas responsáveis pela metabolização de algumas proteínas e liberadas quando é detectado na membrana do hepatócito ( a alteração dessas enzimas pode indicar a esteatose).
          A metformina, assim como a rosiglitazona e pioglitazona melhoraram alguns testes de função hepática, pois diminuem a resistência à insulina. Isso ocorre porque o tecido tem uma melhora na ação dos receptores de insulina, o que reduz o depósito de gordura e a inflamação no fígado, além da redução nos níveis de AST e ALT, que são algumas das enzimas citadas anteriormente.
          Alguns estudos recentes têm mostrado que as estatinas podem ser utilizadas na presença de esteatose hepática, pois reduzem os níveis do colesterol LDL, principalmente. Possuem uma ação inibidora da enzima HMG-CoA, que participa da via de biossíntese de colesterol. Dessa forma, ela contribui para a diminuição da infiltração de gorduras no fígado.

                                                 

          Outro tratamento que pode ser indicado é o uso de ômega-3, pois reduz a inflamação e a infiltração gordurosa no fígado, evitando possíveis complicações, como cirrose e insuficiência hepática. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parental, a ingestão de 1 a 2 g/dia de fontes desse ácido graxo por pacientes com doença hepática por um ano reduziu, de forma significativa, a concentração plasmática de triglicerídios, das enzimas hepáticas, da glicemia de jejum (que se encontram aumentados nestes pacientes) e do grau de esteatose hepática.          
            A betaína é uma medicação que aumenta os níveis de S-adenosilmetionina, e este aumento é associado com diminuição do estresse oxidativo (promove a lipoperoxidação de membranas, ativação de células inflamatórias e de citocinas, e, consequentemente, fibrogênese). A N-acetilcisteína também ajuda na diminuição do estresse oxidativo celular, pois eleva os níveis de glutationa nos hepatócitos.
          Com base nessas informações, nota-se que alguns medicamentos podem ser usados no tratamento da esteatose, assim como mudanças no hábito alimentar. O último aspecto é de extrema importância não somente no tratamento de indivíduos com esteatose, mas também na prevenção.
 
Referências bibliográficas:
 
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1582/esteatose_hepatica_nao_alcoolica.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2005002400008&script=sci_arttext
                                                                                                                  Post por Karellyne Barbosa
 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Fatores de risco

         Na maior parte do século passado a esteatose não era uma doença comum na população. Essa doença começou a ser notada no final do século passado, que coincidentemente (ou não) foi quando começou a ter um maior número de obesos em países desenvolvidos. Alguns fatores de risco para que se tenha esteatose hepática são: obesidade (70% das pessoas com esteatose são obesos), consumo de bebidas alcoólicas, pessoas com colesterol elevado, indivíduos resistentes à insulina, entre outros. Nesse post explicarei um pouco mais sobre o fator de risco relacionado à resistência à insulina.
A insulina é um hormônio produzido nas células beta das ilhotas pancreática e é secretado para a circulação sanguínea, tendo por objetivo permitir a entrada de glicose para dentro das células.            
          A insulina liga-se a um receptor na membrana da célula (possui duas subunidades alfa e duas subunidades beta) que está ligado a uma enzima chamada tirosina quinase. Como o próprio nome da enzima sugere, ela tem a função de fosforila outra enzima chamada IRS (substrato do receptor de insulina) que irá desencadear uma série de reações que ao final irão promover a migração de proteínas, que facilitarão a entrada da glicose na célula, para a membrana, permitindo assim a entrada da glicose na célula.
         Antes de continuar falando sobre a insulina, farei um pequeno comentário sobre a síntese de lipídios. A produção de lipídios tem início com um fator de transcrição denominado SREBP (Proteína de Ligação ao Elemento de Resposta a Esterol), o qual estimula a transcrição de alguns genes que irão iniciar a produção de lipídios (colesterol, ácidos graxos, triglicérides, etc). No fígado possui três tipos de SREBP. Um deles, o SREBP-1c, é o que promove a transcrição do gene responsável pela síntese de ácidos graxos.
        Tendo em vista os dados acima, podemos falar sobre a esteatose associada à resistência à insulina. Quando um indivíduo apresenta resistência a insulina (a maquinaria de receptores de insulina não respondem com eficiência), o pâncreas tende a produzir mais insulina para tentar fazer a glicose entrar nas células, e assim a insulina se acumula na corrente sanguínea. A insulina estimula a produção de ácidos graxos no fígado, provavelmente mediada pelo fator de transcrição SREBP-1c. Assim, ocorre a deposição de gordura no fígado, causando a esteatose.
        Alguns fatores que podem causar a resistência à insulina são a obesidade, o sedentarismo, a síndrome do ovário policístico e a diabetes tipo 2. Para combater alguns dos fatores que causam resistência a insulina basta mudar a dieta alimentar (revejam o post de Dietas associadas ao tratamento de esteatose) e fazer práticas regulares de exercícios físicos.


                                                                                                   Post por Mateus Félix



Bibliografias: