quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Relação entre ácido úrico, síndrome metabólica e esteatose hepática não alcoólica

      Em seres humano o principal produto final do metabolismo das purinas é o ácido úrico que tem o nível rigorosamente controlado pelo equilíbrio entre a produção e excreção.O ácido úrico em concentrações plasmáticas usuais exerce efeito neuroprotetor, agindo como um destruidor de radicais livres; mas diversos estudos indicam que altos níveis de ácido úrico está relacionadoe ao risco de doenças cardiovasculares. Além disso, altos níveis de ácido úrico também estão relacionados com resistência insulínica (RI), diabetes mellitus 2 (DMT2) e síndrome metabólica (SM).
     Dentre estas alterações cardiometabólicas, a SM representa vários fatores de risco, que consiste em alterações do metabolismo dos glicídios – hiperinsulinemia, resistência à insulina, intolerância à glicose ou diabetes mellitus tipo 2 (DM2); alterações do metabolismo dos lipídeos – aumento de triglicerídeos e/ou diminuição de colesterol ligado à lipoproteína de densidade alta (HDL-colesterol); obesidade abdominal; aumento da pressão arterial.No fígado a síndrome metabólica se expressa como doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), que se caracteriza pela deposição de gordura nos hepatócitos de indivíduos com pouca ou nenhuma ingestão de álcool. Em estudo realizado com 102 adultos com diagnóstico de diabetes, concluiu-se que quase metade dos pacientes apresentou DHGNA, os quais tiveram IMC e ácido úrico mais elevados do que os indivíduos sem DHGNA.
      A associação dos níveis de ácido úrico com a SM está relacionado ao fato de a captação de glicose no músculo esquelético depende, em parte, do aumento no fluxo sanguíneo mediado pela insulina, o que estimula a liberação de óxido nítrico a partir de células endoteliais. Componentes da síndrome metabólica se desenvolveram em camundongos com síntese de óxido nítrico endotelial em experimento.O ácido úrico também induz alterações inflamatórias e oxidativas nos adipócitos, devido a xantina oxidoredutase ( enzima que gera o ácido úrico a partir da xantina) ser expressa nos adipócitos e ser fundamental para o processo de adipogênese.
       Foi realizado um estudo na Itália com o objetivo de verificar a associação da hiperuricemia com a síndrome metabólica e aterosclerose em crianças e adolescentes obesos, concluíram que pacientes com elevadas concentrações de ácido úrico tiveram incidência maior da aterosclerose carotídea avaliada através do espessamento do complexo médio-intimal da carótida pela ultrassonografia com dopler nesta região. O que explica biologicamente  tal fato, tomando como apoio as pesquisas feitas em modelo animal com ratos, em que, após a indução de hiperuricemia, houve desenvolvimento de hipertensão arterial por provável redução do óxido nítrico na mácula densa renal e por estímulo direto do sistema renina-angiotensina, sendo esses mecanismos os causadores de vasoconstrição e, portanto, de elevação da pressão arterial.

     Com variáveis do metabolismo lipídico,é demonstrada associação entre os níveis de ácido úrico e as médias de TG e HDL, sendo inversa com a última. A hiperglicemia nesta faixa etária é incomum, já que a manifestação de metabolismo glicídico mais frequente é a resistência insulínica, sendo esta um mecanismo compensatório, enquanto a tolerância à glicose permanece normal.

     Alguns estudos recentes têm descrito uma relação entre os níveis elevados de ácido úrico e a DHGNA, sendo um fator de risco independente para a doença hepática. A teoria “2-hit” seria a melhor explicação para esta associação, que tem sido inferida a partir da compreensão atual da progressão da DHGNA. Segundo esta teoria, o acúmulo de gordura no fígado é o “hit” em primeiro lugar, que deixa os hepatócitos mais suscetíveis a danos maiores devido a disparadores, tais como resistência à insulina, inflamação em excesso, consumo de álcool e obesidade. A resistência à insulina desempenha um papel central no círculo vicioso desse processo, que promove lipólise do tecido adiposo periférico e aumenta livre influxo de ácidos graxos para o fígado. Esta resistência à insulina leva à hiperinsulinemia, que aumenta a síntese de ácido úrico e reduz a excreção renal do mesmo.
      No “hit”, o estresse oxidativo promove a peroxidação lipídica e uma resposta inflamatória. O ácido úrico reflete a taxa de renovação celular, o que pode ser uma parte do processo inflamatório, tornando-o um fator pró-inflamatório. O ácido úrico aumenta a interleucina (IL)-6 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Desta forma, os níveis sanguíneos de ácido úrico elevados devem-se ao estresse oxidativo que ocorre em resposta a distúrbios metabólicos.

Referêcias:


Post por: Danyelly Lara Martins

Relação entre aterosclerose e esteatose hepática não alcoólica

A aterosclerose é uma doença a qual consiste na deposição de placas de ateroma nas paredes dos vasos, o que leva a sua obstrução e, dessa forma, compromete-se a passagem de sangue por estes vasos. Isso ocorre pelo acúmulo de lipídeos(principalmente o colesterol), sendo que estes podem ser adquiridos pela alimentação ou fabricados pelo próprio organismo. Em resumo, o que acontece é que as células de defesa chamadas monócitos fixam-se as paredes da artéria e promove o acúmulo de gordura nesse local, formando os ateromas ou placas ateroscleróticas.


Mas qual a relação entre esta doença e a esteatose hepática não alcoólica? Pacientes com quadro de esteatose geralmente apresentam também resistência à insulina. Isso leva a um acúmulo de carboidratos no sangue, o qual não é aproveitado como deveria; e para compensar, o estoque energético em forma de gordura é degradado para suprir as necessidades do organismo. Dessa forma, a concentração de ácidos graxos livres no citoplasma sofre um aumento e, no intuito de evitar o acúmulo desses corpos nos vasos sanguíneos, o fígado captura esses ácidos graxos em excesso e os armazena. 
Os triglicérides obtidos por meio da alimentação são transportados pela corrente sanguínea em direção ao fígado através de partículas de lipoproteínas chamadas quilomícrons. Enquanto isso, uma enzima chamada lipase lipoproteica atua nos capilares metabolizando essas partículas e liberando como produto ácidos graxos livres.
As partículas de quilomícrons são degradas no fígado e transformadas em outro tipo de partículas, as quais são exportadas por este órgão para que sejam aproveitadas pelas células. Essas partículas são as VLDL. Os quilomícrons e as VLDL deveriam ser metabolizadas pela enzima lipase lipoproteica, mas isso não ocorre como deveria pois pessoas que possuem resistência à insulina, apresentam também um déficit na produção dessa enzima. Isso leva a uma hipertrigliceridemia e auxilia para a formação de um perfil lipídico bastante aterogênico, fato observado em pacientes com esteatose hepática.
Outro tipo de lipoproteína são as LDL, as quais distribuem pelo corpo o colesterol no intuito de sintetizar membranas e hormônios. Por serem muito pequenas, essas lipoproteínas carregando colesterol são capazes de penetrar pelo endotélio e causar acúmulo de colesterol nas paredes das artérias, constituindo um dos fatores causadores de aterosclerose.

                                                              http://clinicapetterson.com.br/aterosclerose/

Por fim, as lipoproteínas chamadas HDL captam o colesterol disperso no plasma e o leva ao fígado para que lá possa ser metabolizado(justificando o fato deste ser também conhecido como "colesterol bom").  Portante, é muito importante para evitar o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos. Porém, a ação deficiente da enzima lipase lipoproteica- devido ao quadro de resistência à insulina- leva a uma menor produção de HDL, o que contribui para o estabelecimento de aterosclerose.
    
                                                                                              Post por: Luan de Góis Lucas

Referências:

A relação da ferritina com a esteatose hepática

        Ao longo de todas essas postagens foi possível perceber o quanto a esteatose hepática está relacionada com diversos outros fatores, como a obesidade, a diabetes mellitus e doenças cardiovasculares. Alguns estudos comprovam que esse distúrbio também se relaciona com o aumento de ferro, devido a anormalidades no metabolismo do mesmo. 
        O equilíbrio da quantidade de ferro no corpo humano é essencial. Como conseqüência da sua deficiência tem-se a anemia. No entanto, não é apenas a sua falta que traz prejuízos para a saúde humana. O seu excesso também é prejudicial, pois o ferro livre promove a síntese de radicais livres de oxigênio, tóxicos que lesam as proteínas, lipídios e DNA.
        Em pacientes que apresentam esteatose hepática, a ferrititna e a saturação de transferrina se encontram em níveis maior que a população controle em 58 a 77%. A ferritina é uma proteína de reserva produzida principalmente pelo fígado que tem a função de transportar ferro e mediar processos agudos de inflamação. Ela pode indicar a reserva de ferro no corpo. O aumento de seus níveis pode ser gerado por diversos fatores e entre eles se encontra a esteatose hepática. Já a transferrina é uma proteína de transporte do ferro no plasma e no líquido extracelular para suprir as necessidades teciduais. Ela transporta o ferro do seu sítio ativo de absorção no nível intestinal ou nos sítios de catabolismo da hemoglobina para os precursores de células vermelhas na medula óssea ou para os sítios de estocagem de ferro na medula, no fígado e no baço. As alterações no metabolismo do ferro levam à resistência à insulina e a junção desses dois fatores favorecem o surgimento da esteatose hepática.
         O ferro livre no tecido hepático induz o estresse oxidativo e a liberação de citocinas, provocando a ativação das células estrelados no fígado. Nos últimos anos, observou se um expressivo número de sobrecarga de ferro hepático associados a sobrepeso, diabetes mellitus tipo 2 (ambos são fatores de risco que podem levar à esteatose) e hiperlipidemia, que é o aumento no teor de colesterol ou de triglicerídeos na circulação sanguínea. Esse fato levou alguns autores a proporem uma nova síndrome, identificada como resistência à insulina associada à sobrecarga de ferro hepático. Essa síndrome é caracterizada pelo aumento do ferro hepático, associado a níveis elevados de ferritina. 
       Um provável mecanismo para o aumento da ferritina seria que os depósitos hepáticos de ferro poderiam interferir na capacidade da insulina em suprimir a produção hepática de glicose. A deposição excessiva de ferro nas células parenquimatosas, especialmente no fígado, pâncreas e coração, estimulam a peroxidação lipídica e produção de radicais livres, como já foi mencionado, lesando-as e provocando fibrose progressiva.
                                          
                                      

Referências bibliográficas:

                                                                                                  Post por Karellyne Barbosa

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Esteatose Hepática e calcificação coronariana

     A síndrome metabólica (SM) é um fator de risco complexo para doenças cardiovasculares e causa  várias alterações metabólicas com obesidade abdominal, dislipidemia aterogênica, hipertensão arterial, resistência a insulina ou intolerância a glicose e outros e, é um potente e prevalente fator de risco não só para o desenvolvimento de diabetes tipo II (DM2) como também para doenças cardiovasculares.
     Mesmo com a relação do risco às alterações metabólicas inerentes à doença, como triglicerídeos (TG) altos e níveis séricos de HDL baixos,não é certeza a sua relação com o quanto o risco é elevado .A  esteatose hepática (EH), frequente na SM, tem sido avaliada como um possível marcador bioquímico de aterosclerose. Por apresentar os mesmos fatores que desencadeiam à SM, a EH confunde-se com essa condição e mostra a possibilidade de que aqueles indivíduos com SM e doença hepática gordurosa tenham um maior comprometimento do metabolismo lipídico, levando a maior probabilidade de aterosclerose. Para mensuração da carga aterosclerótica coronariana, e, por conseguinte, do risco cardiovascular, o escore de cálcio (EC) tem sido utilizado e demonstrou ser capaz de predizer múltiplos desfechos em pacientes com SM .
     Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Paraná, sob número 1361.026/2007- 02, realizou-se um estudo, com 108 pacientes de um ambulatório de cardiologia, de ambos os sexos, portadores de SM, no período de 18 meses. Não participaram pacientes que estivão em uso de estatinas ou medicações potencialmente hepatotóxicas, ou ainda em tratamento por hepatites virais, autoimunes e por deposição de metais. Não foram incluídos, também, tabagistas, indivíduos que apresentavam doença coronariana ou sintomas sugestivos de coronariopatia e aqueles que faziam uso de etanol duas vezes por semana. Os pacientes passaram por uma avaliação clínica e laboratorial, na qual foram colhidos os dados antropométricos, avaliou-se a circunferência abdominal (CA) e investigou-se a presença de hipertensão arterial, dislipidemia, triglicerídeos elevados e HDL-colesterol reduzido. Em todos os casos, utilizaram-se como valores para essas variáveis aqueles níveis que o paciente apresentava antes de iniciar no ambulatório, estando, portanto, naquele momento, sem tratamento medicamentoso. Foram considerados válidos exames laboratoriais com até 6 meses antes da inclusão do paciente no estudo. Excluíram-se pacientes que utilizavam anti-hipertensivos ou medicações que atuam sobre os lípides quando da admissão ao ambulatório a fim de se quantificar valores de pressão arterial e dislipidemia sem influência farmacológica. Foram considerados normais os seguintes valores, de acordo com o critério empregado para diagnóstico de SM: TG abaixo de 150 mg/ dL, pressão arterial sistólica abaixo de 130 mmHg e diastólica abaixo de 85 mmHg, HDL-colesterol maior que 40 mg/dL para homens e 50 mg/dL para mulheres, além de glicemia menor que 100 mg/ dL. Para o LDL-colesterol considerou-se normal valores inferiores a 130 mg/dL. Finalmente, no caso da CA utilizou-se como critério de normalidade até 102 cm para homens e 88 cm para mulheres.
     Após a seleção, cada paciente passou por uma tomografia computadorizada para quantificação de escore de cálcio (EC), um método para avaliação e mensuração de aterosclerose, e ultrassonografia abdominal para quantificação de EH. Na tomografia coronariana, o EC foi calculado como sendo a soma de todas as calcificações detectadas nos territórios coronarianos, a partir de cortes axiais tomográficos de 2,7 mm de espessura com incremento de 1,3 mm. Foi considerada calcificação a imagem de 2 pixels contíguos com coeficiente de atenuação maior que 130 unidades HU. A quantificação do cálcio foi realizada por meio do programa de computador SmartScore 4.0 . Esse valor foi transformado em percentil de acordo com idade e sexo, segundo normograma confeccionado para esse fim, através de classificação consagrada após exame em 35246 voluntários assintomáticos e sem doença coronariana conhecida. 
     A presença de EH foi dividida  em graus I, II e III pelo radiologista. Foi considerada esteatose leve (EH I), um aumento mínimo na ecogenicidade hepática com visualização normal do diafragma e das bordas dos vasos intrahepáticos. Na esteatose moderada (EH II), além de um aumento moderado na ecogenicidade hepática, o paciente deveria apresentar visualização ligeiramente alterada dos vasos intrahepáticos e diafragma. Na esteatose grave (EH III) deveria haver penetração insuficiente do segmento posterior do lobo direito e visualização bastante deficiente ou nula dos vasos hepáticos e diafragma, porem  essa separação deixou de ser necessária, tendo em vista a distribuição equivalente dos gêneros em cada um dos grupos analisadosComparando-se os achados clínicos e laboratoriais conforme a presença e grau de EH, observou-se que, dentre as variáveis bioquímicas, apenas concentrações de HDL significativamente mais baixas estiveram presentes em pacientes com EH acentuada. Houve também uma relação direta de maior medida de circunferência abdominal com EH mais acentuada.
      Analisando a esteatose hepática associada ao escore de cálcio percentual de pacientes com calcificação coronariana acima da mediana foi e maior à medida que o grau de esteatose aumentou. Dentre os pacientes sem EH, 21,21% apresentavam escore de cálcio acima do 50 %. Já dentre os casos com EH moderada e grave, 91,66% estavam acima da mediana no EC.



     Apesar da história natural da lesão hepática ainda permanecer desconhecida, a EH tem sido cada vez mais pesquisada, tendo em vista sua associação frequente com fatores de risco cardiovasculares e uma possibilidade de incremento de risco cardiovascular por ela determinada.
Na SM, há uma disfunção do metabolismo lipídico e glicídico. O fígado, por ser o órgão responsável pelo processamento dos ácidos graxos livres por meio de sua captação, oxidação ou metabolização, também sofre as consequências desse desequilíbrio que seria traduzida pelo aparecimento da EH. Mudanças estruturais e bioquímicas dos adipócitos parecem ser as maiores responsáveis pelo surgimento da SM, que demonstra sua relação com a EH. Alguns polimorfismos têm sido descritos na gênese da obesidade que, em conjunto com hábitos de vida inadequados, podem gerar o aumento da resistência adipocitária à insulina e uma maior liberação de ácidos graxos livres. A leptina, uma adipocina associada ao excesso de peso, parece ser responsável por maior oxidação dos ácidos graxos por tecidos sensíveis à insulina. No fígado, essa metabolização gera uma maior neoglicogênese, que é aumentada por um estado de hiperinsulinemia compensatória, que ocorre para tentar manter a homeostase da glicemia. Todos esses fatores contribuem para a deposição lipídica no tecido hepático. Além disto, na EH, algumas adipocinas também passam a ser secretadas pelos hepatócitos, instalando um permanente estado de inflamação hepática, que pode liberar fatores sistêmicos e pró-trombóticos, desencadeadores de progressão de aterosclerose e de ruptura de placa.
     A presença de EH em uma população com aterosclerose estabelecida tem sido crescente. A EH é resultado de fenômenos bioquímicos que refletem a presença de fatores pró-trombóticos e desencadeadores de disfunção endotelial. É provável que, além de possível causa direta de disfunção endotelial e aterosclerose, a EH seja, mais provavelmente, um marcador bastante complexo de disglicemia e disfunções no metabolismo lipídico, o que a insere como possível marcador de aterosclerose.
     Vale citar que a medida manual da circunferência abdominal foi, nessa amostra, mais eficiente para predizer gordura visceral (EH) do que o IMC, o que demonstra a validade de um método clínico de fácil acesso e que pode ser realizado por profissionais de saúde treinados. Além disso, o HDL-colesterol demonstrou associação significativa com EH, o que não ocorreu com a dosagem de triglicerídeos. Tal fato pode significar que essa mensuração é mais fiel do que a hipertrigliceridemia em identificar resistência à insulina.
     Os estudos demonstraram o escore de cálcio como um preditor de eventos cardiovasculares e de mortalidade.O seu resultado permite inferir, mas não concluir, que a EH seria fator preditor de risco cardiovascular nessa amostra. Vale ressaltar que a exclusão de pacientes com sintomas de coronariopatia não garante a ausência de doença coronariana nessa população tendo em vista a não realização de coronariografia ou angiotomografia nos pacientes do estudo . 

Referencias:
http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/handle/1884/26857 

Post por: Danyelly Lara Martins

Leptina, obesidade e esteatose

    A determinação para uma doença que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no fígado seja classificado como não alcóolica é que o paciente a ser diagnosticado consuma no máximo 40 g de álcool por dia para os casos do sexo masculino e menos de 20 g por dia para os casos de mulheres. 
    A esteatose geralmente ocorre com a associação a outras doenças de distúrbios metabólicos como diabetes tipo II e obesidade.  A combinação desses dois quadros clínicos juntamente com outros fatores, ou isoladamente, são os responsáveis por grande número de casos de esteatose.
    O foco desta postagem é correlacionar a ação da leptina sobre a obesidade e mostrar como a obesidade se relaciona com a esteatose. 
    A leptina é uma proteína secretada pelos adipócitos que são induzidos pelos genes Ob. Atua sobre o sistema nervoso central (SNC) e têm sido considerado um agente que atua na regulação de peso corporal. A lógica da ação de leptina é que ela forneça sensação de saciedade com consequente diminuição da ingestão alimentar e faça com que o gasto energético seja maior que o de costume o que resulta na perda de peso. Quando a produção de leptina é pequena, há aumento do apetite e baixo gasto energético. 


    O anormal é que a lógica do funcionamento da leptina não seja respeitada quando se trata de indivíduos obesos. É normal que indivíduos obesos apresentem maiores níveis de leptina circulantes por que possuem maior quantidade de tecido adiposo, já que a maior parte da leptina presente no indivíduo é produzida pelo tecido adiposo branco, mas os altos níveis de leptina deveriam induzir a uma perda de peso.
    A leptina atua como um sinalizador que informa ao cérebro que os níveis de energia estocadas na forma de gordura são suficientes. Ainda hoje, não se sabe com toda a certeza o que acontece com os mecanismos de regulação de leptina no organismo de obesos, mas há um consenso de o mecanismo de ação da leptina é diferente em casos de obesidade. O que já se sabe é que o aumento rápido de tecido adiposo pode levar a uma perda de regulação por parte dos receptores centrais de leptina, fazendo assim que o esperado pela secreção da mesma não se concretize. Portanto, para o reestabelecimento da ação normal da leptina, seria necessário um aumento muito grande da concentração da mesma no organismo. Há também a hipótese de que o sistema de transporte da leptina fique defeituoso e não consiga levar leptina para o cérebro, e isso é embasado pela diferença entre as concentrações de leptina em diferentes partes do corpo. É importante salientar que a leptina também está relacionada a outras funções importantes para a manutenção da vida, como a reprodução etc.
    O consenso é que ocorram dificuldades de conexão entre a leptina e  seus respectivos receptores. Pode-se pensar que com um aumento forçado de leptina, por fatores endógenos, pudesse resolver o problema, mas isso já foi testado e os resultados não foram animadores.
    Assim, em indivíduos obesos, a leptina não induzirá a uma perda de peso e isso será um dos pré-requisitos para o surgimento de esteatose, já que o tecido adiposo está em níveis consideráveis e isso resultará num acúmulo de gordura nas células do fígado. 




Referências:
                                                        
                                                                                          Post: Rayone Nunes da Silva

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Como a Ezetimiba pode ajudar no tratamento da esteatose hepática

          
            Segundo alguns pesquisadores, a azetimiba produz efeitos positivos aos pacientes que apresentam esteatose hepática e marcadores inflamatórios. Para esclarecer bem esse post vamos entender o que é a ezetimita.
             A ezetimiba é uma substância ativa de um medicamento redutor de colesterol. Possui uma ação muito importante, pois diminui a absorção de colesterol pelo intestino delgado e a quantidade de gordura intestinal para o fígado.
            Segundo o Dr. Gerald F. Watts, alguns fatos a respeito desse medicamento mostra que indivíduos que apresentam obesidade e sobrepeso e fazem uma dieta limitando a absorção de colesterol com o uso desse medicamento diminui a gordura hepática e, possivelmente, o risco subsequente de cardiopatia e diabetes (como foi mostrado em um post anteriormente, a diabetes é um fator de riso da esteatose hepática).            
           
             Foi realizado um estudo com pacientes obesos para receber ezetimiba em uma dose de 10mg por dia, juntamente com uma dieta hipocalórica ou hipogordurosa. Avaliou-se o uso desse medicamento em pacientes obesos com esteatose hepática.  A redução de triglicerídeos intra-hepáticos e a diminuição dos níveis de LDL foram alguns benefícios percebidos após o uso dessa medicação. A gordura hepática assim como a abdominal foram medidas por meio de ressonância magnética de abdome.  
             Após 16 semanas foram feitas algumas observações nesses pacientes, objetivando avaliar a presença de triglicerídeos intra-hepáticos (TGIH), os níveis de proteína C reativa (PCR), de adipocinas, a concentração de fetuin A e a cinética da apoliproteína B-100 (apo B).            
           
            Os resultados desse estudo demonstraram que houve uma redução dos tecidos adiposos viscerais e subcutâneos e da resistência insulínica (como visto em posts anteriores, é uma fator que está muito relacionado com a esteatose hepática) e do peso corporal. Além disso, houve uma diminuição também nos níveis de triglicerídeos, VLDL, apo B, apoC-III (componente de lipoproteína de baixa densidade), fetuin-A e proteína retinol-4, além de aumentar as concentrações de adipocinas. As adipocinas são proteínas secretadas pelo tecido adiposo branco e outros tecidos, que pode ser ou não uma citocina. A sua liberação afeta muitas vias metabólicas. Além disso, sua ação está relacionada com a sensibilização ou falta de sensibilidade da ação da insulina em diferentes tecidos alvos.


            Quando é analisada a perda de peso isoladamente pode ser percebido que há uma diminuição nos níveis de TGIH, campesterol e apoB, com um aumento nas concentrações de latosterol. Os níveis de LDL-apoB foram melhores no grupo de perda de peso com ezetimiba, apresentando um aumento da função catabólica.
            A realização desse estudo permitiu concluir que a adição de ezetimibe aliada à perda de peso em indivíduos obesos pode melhorar, de forma significativa, a esteatose hepática e o metabolismo de LDL- apoB, além de outros benefícios.
Referências bibliográficas:
Post por Karellyne Barbosa





sábado, 30 de novembro de 2013

Diabetes: um fator de risco que pode levar à esteatose hepática
 
            A diabetes é um fator de risco que pode levar à esteatose. Isso ocorre por meio de uma série de mecanismos. É muito importante entender de forma detalhada como esses processos ocorrem. Para uma boa compreensão vamos retomar alguns conhecimentos.
            Os triglicerídeos ingeridos são empacotados em lipoproteínas chamadas de quilomícrons, que é apenas um tipo, já que existem também as VLDL, as LDL e as HDL. As lipoproteínas são uma família de partículas que possui a função de transportar lipídios, principalmente triglicerídeos e colesterol, entre órgãos e tecidos. Apesar de existirem quatro grupos, a estrutura básica das lipoproteínas é comum a todas, variando apenas em tamanho e em proporção entre seus componentes. Elas são constituídas por um centro que contêm lipídios apolares e por uma membrana de fosfolipídios.


            Após os triglicerídeos serem empacotados, os quilomícrons vão diretamente ao tecido adiposo, onde são quebrados, pela enzima lipase lipoprotéica, em ácidos graxos e glicerol. Os ácidos graxos são incorporados aos adipócitos e esterificados com glicerol voltando a formar triglicerídeos, que serão armazenados.
            Uma enzima, chamada de lipase hormônio-sensível faz a mobilização desses lipídios estocados no tecido adiposo. Essa enzima é regulada por dois hormônios: as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que são ativadores, e a insulina, que atua como inibidor dessa enzima. Como a insulina é um inibidor da lipase hormônio sensível, na sua ausência essa enzima vai ficar intensivamente ativada, removendo uma grande quantidade de triglicerídeos dos adipócitos. Esse é o caso da diabetes mellitus. Dessa forma, através da ação da enzima, haverá a hidrólise de triglicerídeos armazenados, liberando ácidos graxos e glicerol no sangue. Assim os ácidos graxos tornam-se o principal substrato de energia utilizado.
            Esses mecanismos vão gerar um excesso de ácidos graxos no plasma, promovendo a sua conversão em fosfolipídios e colesterol. Esse processo ocorre no fígado e pode gerar a aterosclerose. No citoplasma dos hepatócitos os ácidos graxos  ou são esterificados com glicerol, originando novamente triglicerídeos, ou são queimados a acetil-CoA.  A ausência de insulina juntamente com o excesso desses lipídios nas células hepáticas vão ativar o mecanismo de transporte da carnitina, que lava os ácidos graxos para a mitocôndria, onde sofrem beta oxidação para o fornecimento de uma energia alternativa, liberando quantidade extremas de acetil-CoA. O seu excesso leva a esterificação das moléculas de acetil-CoA duas a duas, originando corpos cetônicos (ácidos aceto-acético e beta hidroxi-butírico). Quando o paciente apresenta diabetes a elevada produção desses ácidos leva à acidose metabólica. Os ácidos graxos poderão, alternativamente, ser esterificados para formar triglicerídeos, que juntamente com o colesterol, fosfolipídios e apolipoproteínas irão participar da composição das lipoproteínas de baixa densidade (VLDL). Assim, o VLDL é secretado para a corrente sanguínea, impedindo que o fígado normal acumule gordura no interior do hepatócito.
 
             Na imagem acima é mostrado o metabolismo hepático dos ácidos graxos.
             Devido a resistência à insulina ocorrerá uma inibição da lipase lipoproteína insulino-sensível. Consequentemente, o influxo de ácidos graxos para a corrente sanguínea e para o fígado vai aumentar. Como a beta oxidação e a liberação de triglicerídeos na forma de VLDL estão inibidas devido a hiperinsulinemia (níveis excessivos de insulina circulante no sangue devido a resistência à insulina), esses ácidos graxos em excesso serão convertidos em triglicerídeos que se acumularão no fígado, causando a esteatose hepática.
            Para o perfeito entendimento desse post é necessário uma explicação sobre a diabetes mellitus, para que seja feito, de uma melhor forma, a relação entre essa doença e a esteatose.
Diabetes Mellitus
            De maneira geral, a diabetes mellitus resulta de graus variáveis de resistência à insulina e da deficiência relativa na secreção da mesma. A resistência à insulina ocorre quando há uma menor captação de glicose por tecido muscular e hepático em reposta à ação da insulina. Com isso, vai haver várias alterações metabólicas no corpo. A insulina desempenha papeis muito importantes para o organismo. No metabolismo de lipídios esse hormônio age na transformação de glicose em ácidos graxos por meio da ação da acetil-CoA-carboxilase e na formação de NADPH + H+. No entanto, a função da insulina que mais se relaciona com o surgimento da esteatose é o fato dela agir inibindo a formação de gordura através da lipase hormônio-sensitiva.
No esquema acima podem ser visualizados alguns efeitos da falta de insulina.
            Dessa forma, é possível compreender como a diabetes é uma fator de risco para o desenvolvimento da esteatose, pois há uma série de mecanismos presentes nessa doença que podem levar ao desenvolvimento desse distúrbio no metabolismo.
Referências bibliográficas:
Post por Karellyne Barbosa